quarta-feira, 13 de abril de 2011

Décimo primeiro capítulode Doce Fruto

11 – DOCES ANOS








Carla e Roberto Albuquerque estavam formados há alguns anos. Ela continuava investindo nas lojas LpontoA que já eram em número de cinco. Decidira não exercer a profissão. Como empresária do ramo da moda, estava muito melhor. Ele exercia a profissão de advogado junto ao pai e estudava exaustivamente para ser juiz.


A pequena Aline já tinha dez anos de idade, estudava no melhor colégio da capital e era bastante comunicativa. Olhos verdes do avô Feitosa, cabelos castanhos e corpinho esbelto como o da mãe. Era a alegria da casa, dos avós e dos pais principalmente.


No circo Cristal, Rosa e Júlia tinham uma relação um pouco conturbada. A dançarina era muito possessiva e não gostava de dividir a filha com ninguém. Julinha era mimosa, cabelos pretos, lisos como de uma índia e personalidade forte. Gostava de entrar nas apresentações do palhaço Pipi, mas ajudava em outras atividades do circo. Disposição não faltava a essa garota de apenas dez anos.


Mas o surpreendente e inacreditável vem agora. O sábado de anos atrás. O encontro de Tuca e o mecânico Zé Bicicleta acabou em paquera, namoro, casamento e no nascimento de Maria José, a Zeza.






- Ai, tia, nem acredito que a Zeza no final do ano estará completando dez anos de idade


- Pois é, Tuca. Você está muito feliz, né, minha filha?


- Estou, tia Nalda. - falou Tuca sem muita ênfase no que dizia.


- Mas não pensa na outra garotinha que teve há quase onze anos? - perguntou dona Nalda.


- Tia, dizer que não, é mentira, mas tento não pensar muito. Quero cada vez mais enterrar aquela história que tive com o Beto. Pensar na filha que também era dele, me machuca.


- Amor é bicho danado! - falou dona Nalda se encaminhando para a cozinha.


- Estou muito bem com o Zé - afirmou Tuca.


- Zé Bicicleta é um bom homem. Sempre achei - falou dona Nalda mexendo um doce na panela.


- E me deu a Zeza, que hoje é a razão do meu viver - falou Tuca se encaminhando para a cozinha também.


- Mas você ama esse pobre coitado, que fica atrás de você e dessa filha o tempo todo? - perguntou dona Nalda.


- Digamos que amo de um jeito diferente. Surgiu na minha vida de maneira inesperada, soube me conquistar, é trabalhador, ótimo dono de casa, pai maravilhoso. O que quero mais, tia? - falou Tuca colocando o avental.


- Nada, filha, isso já basta, né? – falou dona Nalda tirando a panela do fogo.






Tuca chegou em sua casa, que ficava bem próxima a casa da tia e se surpreendeu com um carro estacionado em sua garagem.






- Zé, ô Zé! – gritou Tuca descendo da bicicleta e entrando casa dentro.






Sai de dentro do quarto uma linda garotinha de cabelos loiros como os da avó Ana Cecília e olhos cor de mel iguais aos de Zé Bicicleta: Zeza.






- Zeza, minha filha, onde está seu pai? - perguntou Tuca.


- Na oficina, mãe - respondeu com sua voz aveludada.


- Minha filha, de quem é esse carro estacionado em nossa garagem? Você sabe?


- Seu, mãe!


- Que brincadeira é essa?


- É velhinho, mas foi dado de coração por mim e pelo papai. Amanhã é dia das mães, sabia?


- Não posso acreditar que Zé aprontou essa - falou Tuca com uma voz nervosa.


- Ele veio deixar quase agora. Disse que agora é pra te chamar de Tuca Carro. Ele é Zé bicicleta e você é Tuca Carro – falou a menina acompanhada de um gostoso sorriso.


- Meu Deus!






Tuca saiu em disparada para a oficina do marido. Agradeceu, abraçou-o e o beijou bastante.






- Você não tem juízo mesmo. - falou Tuca ainda abraçada ao marido.


- Chega de entregar doces de bicicleta – falou o mecânico com o olhar terno para a esposa


- Mas isso não vai complicar no orçamento? - perguntou Tuca preocupada.


- Que nada! - falou Zé Bicicleta pegando uma chave inglesa.


- Você é um amor, Zé - alisou os cabelo do marido.


- Te ensino a dirigir ligeirinho e dentro de poucos dias você tira a carteira de motorista.


- Você como sempre, com novidades.


- Tenho outra.


- Qual? - espantou-se Tuca.


- Já estou fazendo uma pequena poupança, porque daqui a quatro anos, quando a Zeza entrar no segundo grau, quero que vá para um colégio particular.


- Colégio particular?


- E na capital.


- Na capital!? Teremos que nos mudar para lá? - perguntou Tuca.


- Não, Tuca, eu e você já estamos enraizados aqui com nossos trabalhos. Ela vai ficar com sua mãe.


- É uma ótima idéia, a pobre da mamãe quando decidiu voltar para a capital, já não pude ir com ela. Está muito sozinha por lá. A Zeza indo, já é uma companhia. Ótimo, querido, gostei - abraçou novamente o marido.


- Quero que ela faça os três anos do segundo grau no Colégio Base, que é o melhor de lá.


- Sem dúvida, é o melhor.


- É, estudei pouco, mas sei muitas coisas de colégios, de estudos.


- Você sabe de tudo, principalmente me fazer feliz – falou Tuca dando um beijo no rosto do marido – obrigada por tudo, Zé.







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