18 – DOCES AJUSTES
Zeza acordou cedo aquela manhã e decidiu fazer uma arrumação em seu quarto. Arrumou o guarda-roupa e começou a organizar as gavetas até chegar na mochila do colégio e na carteira.
- Vó, vó – Zeza chamou dona Ana Cecília que estava na sala.
A avó levanta-se do sofá e foi ver o que a neta queria. Caminhou lentamente pelo corredor e entrou no quarto que estava Zeza.
- Diga, menina.
- Sabe o que é, vó, eu estava organizando minhas coisas e tenho certeza que a foto de mamãe estava nesse bolsinho aqui da mochila. Por um acaso a senhora pegou? - perguntou Zeza temerosa pelas rotineiras respostas grosseiras da avó.
- Tenho mais o que fazer. Deve ter caído pelo colégio, não?
- Não sei. Eu mostrei ontem às minhas duas amigas e tenho certeza que coloquei aqui nesse bolsinho...
- Deve ter caído, deve ter caído - falou dona Ana Cecília saindo do quarto.
Julinha esperou chegar o sábado e pegou um ônibus para a cidade onde estava montado o Circo Cristal, próxima a Santa Paz.
Durante o caminho foi pensando na atitude errada de abrir a bolsa da amiga e pegar a foto de Tuca, mas era por uma boa causa.
Ela tinha que ter a certeza de que as suas suspeitas estavam corretas. E essa certeza quem lhe daria era Rosa.
Desceu do ônibus e caminhou por ali sob um sol escaldante. A foto de Tuca estava em sua mão. Chegou no Circo Cristal.
- Mãe! Mãezinha!
Rosa saiu do trailer sem acreditar que estava ouvindo a voz de Julinha. Abriu a porta e deu um demorado abraço na filha.
As duas conversaram bastante e finalmente Julinha entrou no assunto.
- Mãe, talvez a senhora fique um pouco contrariada, mas é que pra mim isso é muito importante. Não que eu não tenha a minha identidade. Eu sou a filha de Rosa, sou uma pessoa feliz, fui criada por alguém especial, mas é... um dia te disse que não queria saber nada sobre a mulher que me pariu, mas...
- Pode dizer, Julinha. Já estou muito forte em relação a esse assunto - falou Rosa baixando a cabeça e levantando rapidamente.
- Mãe. Essa mulher é a minha mãe biológica? – perguntou Julinha com a foto na mão, mostrando para Rosa.
Rosa fica pasma, estática. Lembrou-se claramente do rosto de Tuca. Não tinha como não ser.
- Julinha! Como você!? - empalideceu.
- Mãe, é ou não é!? – perguntou chorando.
- É ela mesma, a própria. Essa é a moça que fiz o parto há dezesseis anos.
Julinha colocou a foto no peito, baixou a cabeça e chorou. Pronto! Tudo estava concluído. Agora era só apresentar o trabalho de Redação.
Na capital, Roberto recebe uma carta, abre e lê. Sua posse seria no dia quinze de dezembro e a cidade que fora nomeado tinha um nome muito familiar.
- Santa Paz!
- O quê, papai? – espantou-se Aline entrando na sala de leitura do pai.
- Saiu, filha, a cidade que serei juiz.
- Santa Paz!? Mas é a cidade que minha colega mora. A Zeza. Aliás, morava. Agora ela está aqui com a avó. Ela morre de elogiar, diz que é um mimo.
- Pois é, filhona. Vai ser lá que você vai passar suas férias. Lá papai vai construir uma casa bem bacana, para você passar dias maravilhosos
- Você já tinha ouvido falar nessa cidade? Ficou tão espantado!
- Há muito tempo ouvi falar sim. Mas já faz tanto tempo que esse seu velho aqui, já tinha esquecido que existia um lugar que tivesse paz.
Pai e filha se abraçaram e sorriram.
Sem comentários:
Enviar um comentário