quarta-feira, 13 de abril de 2011

ÚLTIMO CAPÍTULO DE DOCE FRUTO

20 – DOCE ESPETÁCULO









Todas as luzes se apagaram e apenas um foco acendeu no centro do picadeiro. Palmas, muitas palmas. Nesse foco de luz, surge a apresentadora da noite, a deslumbrante Julinha.






- Respeitável público! Hoje o Circo Cristal está em festa! A sessão é única e exclusiva. Uma grande história de amor será apresentada aqui. Tenho a satisfação de mostrar tudo isso, pois sou a concretização dela. Era uma vez...






O público estava atento a tudo que Julinha dizia. Seus colegas de turma, inclusive Zeza e Aline estavam nas cadeiras, numa expectativa sem tamanho. O juiz Roberto Albuquerque observava tudo com atenção e Tuca, ao lado da mãe e da tia também.






- Um ônibus! Um abençoado ônibus... continuava Julinha.






Nesse momento entra palhaço Pipi com um volante na mão fazendo de conta que estava conduzindo um imenso ônibus.






- Nesse ônibus entrou uma vendedora de doces, que acordava muito cedo para vender suas delícias na universidade. Logo em seguida, um rapaz universitário que estava atônito, sem saber o destino daquele imenso meio de transporte.






Tuca olha imediatamente para a mãe e para tia e não teve como também não olhar para o juiz Roberto, que estava em sua extremidade. Beto percebe a presença de Tuca ali e fica desconsertado. O coração dos dois palpitam como em outrora. A paixão volta a rondar por ali. As lembranças de uma momento tão singelo na vida dos dois.


As luzes em cima do picadeiro ficam vermelhas e entram Flávio e Pat, fazendo os papéis de Tuca e Beto.






- Os dois se conheceram, os dois conversaram, os dois realmente se apaixonaram. E aquele namoro foi lindo! Ah! Paixão de filme romântico... foi uma magia tudo aquilo! Mas como num toque de mágica, acabou. O doce sonho de ficarem para sempre juntos, acabou! Será?






O coração de Tuca acelerou naquele momento. Será que a apresentadora sabia coisas que não podiam ser reveladas? Pouco a pouco o sisudo Roberto dava lugar ao doce Beto, que sempre esteve adormecido aqueles anos.


O gelo seco invadiu o picadeiro. Nada se via por ali. Quando a fumaceira cessou, entra Julinha junto com Pat.


- Não acabou. O amor daqueles jovens estava concretizado em um bebê que estava plantado naquele ventre – falou Julinha alisando a barriga de Pat – uma linda vida pulsava ali, e era o doce fruto daquela paixão.






Beto olhou para Tuca com uma expressão surpresa e dona Ana Cecília pegou a mão da filha, derramando uma lágrima. Dona Nalda estava assustada.






- O papai não ficou sabendo dessa gravidez e na hora da revelação, o jovem acabou o namoro com a doceira. O universitário casou-se com uma colega de sua turma...






Nesse momento entra Fafá e dá a mão a Flávio. Interpretando os papéis de Carla e Beto, respectivamente.






- E a doceira acabou casando-se com um mecânico de sua cidade.






Entra Mau e dá a mão a Pat. Interpretando assim, Zé Bicicleta e Tuca.






- A doceira estava disposta a esquecer sua paixão com o rapaz universitário. Assim que teve sua filhinha, presenteou uma senhora com esse seu doce fruto. Do casamento da doceira com o mecânico nasceu uma linda garota, uma pessoa extraordinária. Gostaria que viesse ao picadeiro essa formosura, chamada Zeza.






Todos aplaudiram, assobiaram e gritaram em coro: “Zeza, Zeza, Zeza...”






- O jovem universitário, que tornou-se juiz de Direito, teve com sua colega de sala, dos tempos da universidade, uma linda filha também. A benevolência em pessoa, a simpática Aline, que também virá até o picadeiro.






Da mesma forma que o público aclamou Zeza, fizeram também com Aline.






- E o doce fruto da paixão da doceira e do rapaz? Sumiu? Evaporou-se no mundo?






De repente cria-se um silêncio no circo. Zeza e Aline, que estão com expressões surpresas se entreolham. Rosa entra iluminada por um foco de luz e Julinha passa o microfone para a mãe adotiva, que logo começa a falar:






- Tuca, Beto, este espetáculo foi feito para vocês. Tive a imensa felicidade, o imenso prazer, de criar durante dezesseis anos o doce fruto da paixão de vocês. Essa linda apresentadora de hoje, a minha, não, a nossa Julinha é o resultado do grande amor que vocês tiveram no passado - falou Rosa quase chorando.


Julinha emocionada dá um abraço na mãe adotiva e logo em seguida nas duas irmãs.


Beto, atônito, como se tivesse pego o ônibus errado, levanta-se e começa a aplaudir sozinho. Todos se contagiam e aplaudem de pé.






- E as surpresas não param por aí. As peças do quebra-cabeça da minha vida, estavam quase todas encaixadas, quando surge uma pecinha que completou tudo. Sabe por quê? Porque eu ganhei um avô também. Eu pedi para ele ficar escondidinho aqui atrás. Mamãe Tuca, vovó Ana Cecília, tia Nalda, venham ao palco receber o meu avôzão Lúcio - emocionou-se Julinha.






Tuca, dona Ana Cecília e dona Nalda levantam-se aos prantos e se dirigem ao picadeiro. O público ainda está de pé e aplaudindo.






- Pai. Ah! Como eu queria chamar alguém assim. Vem também participar dessa festa - falou Julinha olhando para Beto.






Beto levanta-se emocionado também e vai ao picadeiro. Abraça-se com a filha Aline. Tuca está abraçada com a filha Zeza. Ana Cecília abraça-se com tio Lu.


Julinha entrega o microfone para Rosa e vai em direção a Beto e Tuca. Beto larga Aline, Tuca larga Zeza e os dois juntos, de uma só vez, abraçam Julinha.


Julinha deixa o pai e a mãe no centro do picadeiro. Foco de luz ilumina os dois e eles não se controlam e beijam-se na boca. Todos aplaudem.


Julinha pega o microfone e fala mais uma vez.






- O doce espetáculo chegou ao fim, certamente hoje, podemos dizer: ... e foram felizes para sempre.






























FIM















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